terça-feira, 20 de julho de 2010

Jornalista I


Admirava a postura do Caco Barcellos quando correspondente da TV Globo e depois com “Profissão Repórter”, assisti poucas edições deste programa, mais que bom que alguns jovens jornalistas estão tendo a oportunidade de aprender com um profissional competente.

Estou conhecendo melhor (admirando e babando) sua linha de trabalho com o livro Rota 66 – A História da Polícia Que Mata. Trata-se a meu ver de um livro – denúncia sobre a formação da Polícia Militar de São Paulo e a atuação de alguns militares como matadores de civis inocentes entre as décadas de 70 e 90. Uma minoria era até encorajada por superiores por matarem tais “bandidos” embasado apenas de simples suspeitas, Os PM executavam e permaneciam impunes.

Caco e uma pequena equipe trabalharam durante sete anos (se não me engano) para montar este livro. O que me impressiona é a riqueza de detalhes na narrativa, me sinto como se estivesse sido testemunha ocular dos crimes.

Estou encantada com o jornalismo investigativo de Caco Barcellos. No Rota 66, observa-se que se trata de um trabalho minucioso e demorado, paciência e dedicação são as palavras chaves para se obter um bom trabalho.

Deve ser recompensador ver ao final de horas, dias e até mesmo anos de pesquisas, organização, leitura e anotações de documentos, entrevista com familiares e profissionais, enfim, averiguação dos dois lados da história, neste caso, ocorrência, resultando em um livro tão completo e sério.

Chega ser ridículo comparar um jornalismo deste porte ou dos profissionais que almejam alcançar este padrão com um desses que fazem um “jornalismo cretino” que atuam assiduamente na impressa televisionada. Meu namorado (Alex) me apresentou os “jornalistas cretinos” que mencionei. Quem são?

Oras você os vê todos dias, por exemplo; Notícia (fictícia): Houve um deslizamento de uma encosta que atinge uma comunidade de situação precária, são dezenas de barracos e corpos soterrados, famílias que perderam entes queridos e o pouco que possuíam, entre essas famílias esta a de D. Maria que perdeu barraco e também o marido, ficando com 6 filhos, o mais velho com 15 anos. Finalmente chega o jornalista/repórter cretino e pergunta: Situação difícil, a senhora perdeu muita coisa? Qual é o sentimento da senhora diante desta tragédia? Como vai ser a vida daqui pra frente?...e por ai vai perguntas deste modelo.

Seja sincero, você já viu cenas como estas que narrei passar com freqüência na televisão? Parece-me que o jornalista com este questionamento óbvio deve ganhar um bônus por conseguir uma provável “cachoeira de lágrimas” da miséria dos outros.

Contudo recomendo o livro Rota 66, sua visão sobre jornalista/ repórter sério não será mais a mesma.

P.S.: Estas opiniões por mim expressas são baseadas através do que leio, observo, assino e ouço e as publico neste blog com o simples direito que qualquer espectador possui de se expressar.

Um comentário:

  1. Olá, Paula. Obrigado por ter visitado o NovoCaos.com .
    Concordo com sua visão sobre o jornalismo de Caco Barcellos. Participei de uma palestra dele, onde contava alguns detalhes dos bastidores da produção desse livro que menciona. Recebeu até ameaças de morte, mas correu o risco e nos presenteou com essa bela obra. Precisamos realmente de jornalistas competentes e dignos, como também a dignidade e a competência devem estar presentes em todas as profissões, pois a crise é do ser humano em geral... infelizmente.
    Parabéns pelo blogue, estarei acompanhando.
    Cássio Gonçalves

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